12 Julho 2021
“Uma das disfunções sexuais mais comum em consultório, sem dúvida é o vaginismo. Vaginismo é uma disfunção sexual feminina que provoca a contração não intencional dos músculos do assoalho pélvico tornando dolorosa ou impossível a penetração, quer seja durante a relação sexual e/ou na introdução de absorvente interno ou no exame ginecológico, mesmo que a mulher tenha o desejo em realizá-lo. Essa contração muscular excessiva é uma reação defensiva do corpo em situações consideradas inconscientemente ameaçadoras ou em resposta a um estímulo de dor.
Essa disfunção pode vir em decorrência de acontecimentos ocorridos na infância ou ao longo da vida da mulher que possam ter gerado essa relação defensiva ao ato sexual. Abuso sexual, cobrança de “condutas e posturas adequadas” vinda da família e da sociedade, imposição e sentimento de culpa relacionada a aspectos culturais ou religiosos são alguns dos possíveis gatilhos que desencadearam esses sintomas.
Mas o que venho percebendo é o quanto essas pacientes têm dúvidas e questionamentos relacionas ao corpo e a sua sexualidade. Apesar das facilidades ao acesso à informação inerente aos tempos modernos, elas sentem-se desconfortáveis em sanar suas dúvidas na internet. Não é só a vergonha que justifica essa recusa às informações cibernéticas. Muitas das informações das redes, mesmo que corretas, por muitas vezes geram sentimento de impotência, de incapacidade e até de fracasso.
Na verdade, noto que elas são sedentas por informação, mas querem acolhimento junto. Por isso nas consultas explicou tudo sobre o funcionamento do corpo feminino, sobre as respostas sexuais, sobre o quanto nossa cabeça e nossas vivencias tem impacto em nossa sexualidade. Tento mostrar que não é uma boa escolha compara-se com outras pessoas. Os padrões e estereótipos de normalidades vendidos na TV e nas redes sócias, onde todos são bem resolvidos e bem-sucedidos, muitas das vezes não são reais e só geram sensações ruins.
Então nada de comparação. O que vale mesmo é se conhecer para se melhora!
Dicas:
• Espelho espelho meu... Quando estiver à vontade, pegue um espelho e olhe as estruturas da sua genitália. Mas se preferir, pode se olhar sem espelho mesmo. Faça como achar mais conveniente.
• Faça perguntas! Escolha uma profissional especializada e pergunte tudo que você quiser. Existem ginecologista, fisioterapeutas pélvicas (!!!!!) e psicólogos que se especializaram especialmente para te atender.
O autoconhecimento ajuda você a se relacionar melhor com tudo na vida. Se conhecendo, você pode lidar com as situações à sua volta, saber quais as sensações que elas te causam e entender que os outros têm visões diferentes da sua”
Conte com a gente!”
Dra. Maria Lúcia Campos Gonçalves
Doutora em Ciências Médicas UnB
Mestre em Ciências Médicas UnB
Título de especialista em saúde da mulher - Abrafism
Membro International Continence Society (ICS)
Membro Internacional Children’s Continence Society (ICCS)
12 Julho 2021
“O tratamento das disfunções urinárias e intestinais relacionas aos músculos do assoalho pélvico em crianças e adolescentes sempre foi uma de minhas paixões na fisioterapia pélvica. Apesar o desfralde não ser classificado como uma disfunção, notei um crescimento importante de consultas em busca de ajuda para esse período.
Obviamente quando é identificado algum transtorno urinário ou intestinal que comprometa a saúde da criança, que pode ou não vir em decorrência do desfralde mal conduzido, pode ser necessário tratamento. Mas na maioria das vezes o que vejo tem relação com insegura e ansiedade dos pais.
As inseguras podem vir em decorrência do “novo” para os pais, sentimento comumente experimentado ao longo da linda jornada da maternidade / paternidade. Mas as vezes vem como consequência de comparações com outras crianças, de cobrança de si mesmo ou de terceiros para intervenções ativas dos pais “para tirar a fralda logo” ou ainda como consequência da grande quantidade de informações (corretas ou não) típicas dos tempos atuais.
Para um desfralde leve e assertivo é preciso que todos os envolvido estejam bem, principalmente os pais. Então vão algumas dicas para as mamães e papais:
• Novas experiências! Assim como aprender a comer, assim como aprender a sentar-se, a andar e a ler, a criança também vai aprender a usar o vaso / penico. E isso leva um tempinho. Ao longo do caminho pode ter “altos e baixos”. Faz parte.
• Individualizar é chave do sucesso! Acalme seu coração caso seu filho(a) não esteja dando sinais de que quer abanar a fralda na mesma época que a maioria das crianças da idade dele(a), ou na mesma época que aconteceu com seu outro filho. Cuidado com os “protocolos” e “logaritmos” para criação de filhos, muito comum nos tempos de hoje.
• Escapes fazem parte do aprendizado e pode ir até próximo dos 7 anos. Molhar a calcinha ou a cueca porque esqueceu de ir ao banheiro pois a brincadeira ou o filme era muito legal, é uma atitude normal da criança. Tenha paciência e nada de puni-lo(a) por isso. Com o tempo a criança vai apendendo sobre as sensações da bexiga e do intestino e também vai “percebendo” que a escolha de protelar a ida ao banheiro tem consequências. Então que tal lembra-lo(a) de dar uma paradinha no que está fazendo para ir ao banheiro? Por enquanto esse encargo é dos pais e cuidadores, aos poucos será da criança. Faça isso de uma forma leve e gentil para evitar que o ato de ir ao banheiro não se torne “algo ruim”.
• A fralda da noite as vezes demora mais tempo para ser abandonada mesmo. Tenha paciência!
• Muitas vezes a desfralde para xixi e para cocô acontecem juntos. Mas nem sempre é assim. Por um período a criança pode se recusar a fazer cocô no vaso/ penico. Se isso for temporário, pode fazer parte do processo de desfralde normal. Só tome cuidado para que neste período a criança não desenvolva “intestino preso”.
Com amor, paciência e respeito toda criança consegue. Mas se precisar, tem gente especializada para ajudar.
Conte com a gente!”
Dra. Maria Lúcia Campos Gonçalves
Doutora em Ciências Médicas UnB
Mestre em Ciências Médicas UnB
Título de especialista em saúde da mulher - Abrafism
Membro International Continence Society (ICS)
Membro Internacional Children’s Continence Society (ICCS)
12 Julho 2021
“Estamos vivendo tempos difíceis. Insegurança, tristeza, perdas, privações, alterações nas atividades mais corriqueiras de nosso cotidiano, tudo isso teve impacto direto sobre nosso bem-estar. E parece que não foi diferente no que diz respeito a saúde da bexiga.
Os estudos já apontavam forte correlação entre alguns sintomas pélvicos e o estresse. Na vida em consultório isso de fato acontece. É muito comum identificar pacientes com sintomas urinários, intestinais e sexuais associados aos hábitos de vida ruins, decorrentes de um estilo de vida norteada pela correria, metas inalcançáveis, problemas pessoais e profissionais e pressões diversas. Para mulheres com infecção urinaria recorrente essa relação com o estresse é bem comum.
Acontece que ultimamente houve um aumento importante de pacientes com esse tipo de queixa. Ainda que não tenhamos estudos que acompanham e mapeiam esses ocorrências no período da pandemia, essa percepção é compartilhada com outros profissionais que também atendem essas queixas.
Seja como for, vale um alerta para tentar minimizar os impactos disso tudo que estamos passando na saúde de nossa bexiga.
Fica aqui algumas dicas:
• Beba bastante água! Todo mundo sabe disso, mas na prática esse hábito é bem negligenciado.
• Nada de ficar prendendo xixi. Nossa bexiga tem a capacidade de se acomodar ao volume quando não atendemos ao desejo de esvaziar. Se isso for feito com frequência ela acaba avisando cada menos que está cheia. Além disso, essa atitude de segurar o xixi acaba levando a um comportamento errado dos músculos perineais, que ficam tensos e com a capacidade de relaxamento comprometida. O que isso significa? Que a bexiga não esvaziará complemente na hora que você for ao banheiro. Bactérias adoram bexigas assim!
• Sentar-se para fazer xixi é muito importante. Em outra posição não terá como os músculos perineais se relaxarem de forma efetiva para permitir a saída da urina de forma eficiente.
• Mantenha o intestino funcionado bem. O bom funcionamento intestinal tem tudo a ver com algumas sintomas urinários e até com sintomas sexuais. Além disso, o intestino modula humor e sensação de bem estar. Vale a pena investir em alimentação saudável e água.
• Faça atividades ao longo do dia que dê prazer: tome banho relaxante, curta sua família ou seu animal de estimação, faça de alguma refeição um momento de prazer, encontre com amigos e pessoas que ame, peça desculpas e perdoe, faça o bem a alguém... É preciso estar ativo na vivencia da felicidade.”
Dra. Maria Lúcia Campos Gonçalves
Doutora em Ciências Médicas UnB
Mestre em Ciências Médicas UnB
Título de especialista em saúde da mulher - Abrafism
Membro International Continence Society (ICS)
Membro Internacional Children’s Continence Society (ICCS)
16 Setembro 2020